JUSTA MENTE

Justa mente é uma afirmativa.
Justa mente é uma tentativa de firmar o conceito de Justiça.
Justa mente é informação , é troca de idéias , quase uma catarse.
Justa mente é minha mente transformada em palavras , por vezes simples, por vezes complicada...mas minhas palavras não podem perder a essencia do que sou :esta contradição.
Seja bem vindo ao JUSTA MENTE.

domingo, 19 de maio de 2013


DOCÊNCIA REFLEXIVA PARA UMA EDUCAÇÃO EMANCIPATÓRIA – o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação na prática docente.

Patrícia Nunes de Paula

RESUMO
O presente estudo pretende abordar a necessidade de uma efetiva prática reflexiva por parte dos docentes quando do processo pedagógico, a fim de que a Educação se dê em sua forma emancipatória. E, nesta perspectiva, considerando que para uma postura reflexiva faz-se necessário apoderar-se de seu tempo histórico, o docente deve apropriar-se das Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC´s para atender a demanda de alunos que se encontram cada vez mais conectados.

Palavras-chave: Docência reflexiva, tecnologias de informação e comunicação, prática emancipatória.

1- INTRODUÇÃO
No decorrer da história da educação, neste século, a questão da “prática docente” sofreu uma evolução, saindo da visão tradicional, que se apoiava exclusivamente na experiência prática dos professores para uma visão que prioriza a importância da prática reflexiva.
Na visão tradicional da prática educativa, o conhecimento profissional do professor nascia subordinado aos interesses sócio-econômicos da época, carregado da ideologia das classes dominantes, fazendo da prática docente um exercício da manutenção e transmissão do status quo.
Na Educação, em sua dimensão mediadora, a atividade docente é vista como carregada de saberes específicos que devem ser mobilizados, utilizados e produzidos pelos docentes em suas tarefas cotidianas, numa perspectiva reflexiva sobre sua prática, possibilitando a mediação entre o educando e suas descobertas e intervenções sobre a sua realidade.
O reconhecimento da necessidade de exercer as atividades educativas dentro da realidade em que se insere, e, estando a sociedade cada vez mais tecnológica, faz-se necessário a conscientização da necessidade de incluir nos currículos escolares as habilidades e competências para lidar com as novas tecnologias. Nessa sociedade do conhecimento, a educação exige uma abordagem diferente, as novas tecnologias e o aumento exponencial da informação levam a uma nova organização de trabalho, em que se faz necessário: a imprescindível especialização dos saberes; a colaboração transdisciplinar e interdisciplinar; o fácil acesso à informação e a consideração do conhecimento como um valor precioso, de utilidade na vida econômica.
Sob este aspecto, pretende o presente estudo, abordar a necessidade da absorção e utilização das TIC´s pelo professor em sua prática docente, a fim de possibilitar uma educação emancipatória, dentro de uma perspectiva reflexiva.

 2- DESENVOLVIMENTO
Assim como as demais profissões da atualidade, também a atividade docente deve se caracterizar por ações práticas realizadas de forma eficaz e pelo domínio de suas regras e saberes. Em Educação, entretanto, estas regras não podem ser fixas, sendo necessário um permanente processo de reflexão dos docentes diante de suas ações, visto que o processo educacional para emancipar deve ser dinâmico e dialético.
A docência e sua prática esta associada a várias funções desempenhadas em sala de aula e no ambiente escolar, que vão desde o atendimento individual a cada aluno, preparação das aulas, realização de avaliações, organização do tempo escolar, elaboração de trabalhos coletivos com outros colegas até o relacionamento no espaço de sala de aula, diálogos com os educandos e com a comunidade escolar.
Ou seja, a prática docente não se restringe às técnicas e filosofias de trabalho, mas extrapola para o difícil campo dos relacionamentos interpessoais, numa constante troca de experiências, onde aprender e ensinar possui uma tênue linha, onde o processo é dinâmico e dialético.  A prática docente sofre influências de variáveis como contextos históricos, políticos, econômicos, sociais, culturais e que interferem na sua atuação, desta forma, em sua trajetória profissional, os docentes acumulam saberes e produzem novos saberes, ou seja, “as estratégias de ensino que empregam em sala de aula encarnam teorias práticas sobre o modo de entender os valores educacionais” (ZEICHNER, 1993, P.21).
A prática docente é, portanto, resultado de uma ou outra teoria, seja reconhecida ou não, devendo, entretanto, o docente conceber uma prática mais reflexiva, através de uma análise crítica e aberta às discussões, ampliando seus saberes na e da profissão.
A universidade, sendo uma local de pesquisa por excelência, deve questionar sua responsabilidade em desenvolver competências profissionais capazes de formar professores para a prática reflexiva.  Perrenoud (in PAQUAY, 1999) afirma que a universidade não pode só pelo fato de ela iniciar o futuro profissional nas pesquisas, pretender formar profissionais reflexivos. Caso venha a fazê-lo, deve desenvolver em seus cursos e disciplinas dispositivos específicos, tais como: análise de práticas, estudo de casos, técnicas de auto-observação e de esclarecimento, treinamento para o trabalho sobre o próprio habitus e sobre seu inconsciente profissional.
Dentro desta perspectiva, o professor precisa saber orientar os educandos sobre onde colher informação, como tratá-la e como utilizá-la. Esse educador será o encaminhador da autopromoção e o conselheiro da aprendizagem dos alunos, ora estimulando o trabalho individual, ora apoiando o trabalho de grupos reunidos por área de interesses.
A qualidade da educação, geralmente centradas nas inovações curriculares e didáticas, não pode se colocar à margem dos recursos disponíveis para levar adiante as reformas e inovações em matéria educativa, nem das formas de gestão que possibilitam sua implantação. A incorporação das novas tecnologias é um elemento que pode contribuir para uma maior vinculação entre os contextos de ensino e as culturas que se desenvolvem fora do âmbito escolar, possibilitando, desta forma, uma educação efetivamente emancipatória.
Perrenoud (1999) admite que a prática reflexiva deva estar aliada à participação crítica e à profissionalização docente. Para ele, estas são orientações prioritárias para a formação docente, pois “vão além do “saber fazer” profissional de base, mas supõem sua aquisição prévia “(p.8), isto é, exigem “competências”. Perrenoud é incisivo ao afirmar que esse paradigma “profissionalização, prática reflexiva e participação crítica não corresponde nem à identidade ou ideal da maioria dos professores em função, nem ao projeto ou à vocação da maioria daqueles que se dirigem para o ensino” (p.8). Diante desta colocação, sugere basear a prática reflexiva sobre “dez competências profissionais:
1- Organizar e animar situações de aprendizagem;
2- Gerir o progresso das aprendizagens;
3- Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;
4- Envolver os alunos nas suas aprendizagens e no seu trabalho;
5- Trabalhar em equipe;
6- Participar da gestão da escola;
7- Informar e envolver a comunidade escolar;
8- Servir-se de novas tecnologias;
9 – Enfrentar os deveres e dilemas éticos da profissão;
10- Gerir sua própria formação continua “(PERRENOUD, 1999, P.8) – grifo nosso

Assim, a prática reflexiva e a participação crítica são fios condutores do conjunto de formação, das atitudes que deveriam ser adotadas, visadas e desenvolvidas pelo conjunto dos formadores e das unidades de formação, segundo diversas modalidades” (p.10). E , uma das competências elencadas como necessárias à uma efetiva prática docente reflexiva está o uso de novas tecnologias , assim, a prática docente enfrenta o desafio não apenas de incorporar as novas tecnologias , mas também reconhecer e partir das concepções que os discentes têm sobre estas tecnologias para elaborar, desenvolver e avaliar práticas pedagógicas que promovam o desenvolvimento de uma disposição reflexiva sobre os conhecimentos e os usos tecnológicos.
 3- CONCLUSÃO
A sociedade atual passa por profundas mudanças caracterizadas por uma profunda valorização da informação. Na chamada Sociedade da Informação, processos de aquisição do conhecimento assumem um papel de destaque e passam a exigir um profissional crítico, criativo, com capacidade de pensar, de aprender a aprender, de trabalhar em grupo e de se conhecer como indivíduo.
Dentro desta nova ótica global, faz-se necessário para que a Educação se dê em sua dimensão emancipatória, que ela se redefina em suas funções, forma de organização e valores , a fim de que enfrente os desafios que as transformações tecnológicas exigem , dando condições aos educandos de se apropriarem dessa nova realidade em que se inserem.
Assim, ensina DOWBOR (in Tecnologias do Conhecimento, 2005):

 “Juntando as duas grandes transformações, do universo do conhecimento e das ferramentas de trabalho, fica bastante óbvio que uma área como a educação tem de repensar os seus paradigmas. Não se trata de um pouco de cosmética, trata-se de uma reforma em profundidade. (...) Na medida em que o conhecimento se torna gradualmente a matéria-prima privilegiada de todas as áreas de atividade, e que surgem novos espaços como a formação nas empresas, televisões, Internet e outros, crescem o papel da área especializada em conhecimentos que é a educação, como possível articuladora dos diversos subsistemas. O que não é mais possível é ver a educação como universo isolado, ou ver a educação sem compreender as suas complementaridades com outros espaços do conhecimento” (p.78) – grifo nosso

O maior desafio para que a Educação se dê de forma emancipatória dos sujeitos do processo é que a prática docente se realize de forma reflexiva, num contexto histórico, dinâmico e dialético que não pode ser desprezado, apropriando-se das novas tecnologias de informação e conhecimento (TIC´s) como instrumentos essenciais ao processo educativo dentro da nova Sociedade de Informação, onde educação e informação são as novas formas de poder.
Cabe a educação formar esse profissional e para isso, esta não se sustenta apenas na instrução que o professor passa ao aluno, mas na construção do conhecimento pelo aluno e no desenvolvimento de novas competências, como: capacidade de inovar, criar o novo a partir do conhecido, adaptabilidade ao novo, criatividade, autonomia e comunicação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOWBOR, Ladislau. Tecnologias do Conhecimento. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia:saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
PERRENOULD, P. Formando professores em contextos sociais em mudança: prática reflexiva e participação crítica. Revista Brasileira de Educação, n.12, set/dez.1999.
ZEICHNER, K. A formação reflexiva de professores: idéias e práticas. Lisboa: EDUCA/Professores,1993.